“Jesus, olhando para ele, o amou lhe disse: ‘Vem e segue-me’” (Mc. 10:21)

por Irmã Nadia Tawfik

Como senti a presença de Nosso Senhor em minha vida?

Antes de responder a esta pergunta, quero dizer que Deus nunca me abandona. Experimentei isso em minha vida de muitas maneiras.

O que eu sei é que, quando um ser humano vive em pecado e está longe de Deus, ele não pode estar sozinho na reconciliação com o Pai. À medida que desenvolvemos nosso relacionamento com Deus, é o Criador quem dá o primeiro passo em nossa direção, pois Ele enviou seu único Filho à Terra para salvar o mundo inteiro. Este é um sinal do amor, grandeza, graça e misericórdia de Deus.

A profunda sensação de que Deus quer que eu viva em sua casa todos os dias

Amo o versículo que diz: “Provai e vede que o Senhor é bom. Como é feliz o homem que nele se refugia!” (Sl. 34:8), porque cada vez que provo a palavra de Deus e olho para o Senhor através da oração pessoal e reflito sobre a Sua Palavra, sei que isso ajuda a desenvolver a minha relação com o Pai.

Um relacionamento forte com Deus é como uma semente muito pequena — como um grão de mostarda. Como a planta que vem da semente, que cresce com o tempo, paciência e continuidade, eu também cresço. Através do relacionamento com Deus, descubro a voz Dele e sinto em mim o modo como a Palavra sacia minha sede.

Com o poder e a ajuda de Deus, meu coração se abre para os outros.

Deus me chamou e, neste chamado, posso viver na casa de meu Pai, compartilhando a mesa da comunhão do amor com todos, percebendo que tudo vem de Deus, o mestre do amor. Quando percebemos que tudo vem de Deus, percebemos também que Ele dá livremente, sem cobrar nada. Da mesma forma, Deus está me pedindo para dar de graça o que de graça recebi. O que doo não é fruto do meu trabalho, mas sim a recompensa do amor de Nosso Senhor por mim.

Descubro a voz Dele e sinto em mim o modo como a Palavra sacia minha sede

A princípio, tive dificuldade em distinguir a voz de Deus em minha vida. Houve várias razões para isso, mas a primeira delas foi de ordem prática: eu estava envolvida com muitas coisas mundanas. Minhas orações eram sempre muito rápidas. Eu não estava dando tempo para Deus, verdadeiramente. Quando eu orava, perguntava a Deus: “O que você quer que eu faça da minha vida?” Eu queria uma resposta imediata, sem esperar. Eu nem sequer dei a Deus uma chance de responder.

Além disso, tendia a culpar Ele pelas coisas ruins. Nos momentos de dificuldade, me sentia cega e surda para ouvir e distinguir a voz de Nosso Senhor em minha vida. E, uma vez que a dificuldade passava, eu ficava tentando entender por que não conseguia ver e ouvir Deus ou sentir a presença Dele durante os desafios.

Por fim, ler a Bíblia e refletir na Palavra de Deus ajudou muito. Também houve pessoas que me ajudaram — vivendo em comunidade, rezando na Igreja, em momentos de celebração eucarística, cantando louvores ao nosso Deus, estudando (teologia, inglês, enfermagem) e trabalhando no hospital. Todas essas coisas me ajudaram a reconhecer e descobrir a presença de Deus em minha vida.

“Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda” (João 15:16). Este versículo da Bíblia foi uma confirmação para mim do chamado de nosso Senhor: Deus havia me escolhido. Nisso reside o sentido de ser uma pessoa especial para Jesus.

Sinto a presença de Deus no dia a dia e em tudo que faço e aprendo

Marcos 10:21: “E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse, ‘vem, toma a cruz, e segue-me’” é um versículo importante para mim. Esta mensagem transformou toda a minha vida e me enriqueceu com a profunda sensação de que Deus quer que eu viva em sua casa todos os dias: que eu esteja com Nosso Senhor, sirva ao próximo e proclame a mensagem de que Deus é o pai amoroso de todos os seres humanos.

Essas palavras falaram comigo, apesar de todas as circunstâncias que estavam contra mim! Uma das dificuldades que enfrentei foi com minha família. Meus pais não queriam que duas meninas se tornassem irmãs religiosas. O sonho deles era de que eu casasse e tivesse filhos, mas não senti esse tipo de chamado. Minha perseverança em meu chamado me trouxe a Jerusalém, onde integro o programa de formação inicial do noviciado junto às Irmãs de Notre Dame de Sion.

Agradeço ao nosso Senhor por me escolher para ser uma irmã religiosa e servi-lo. Sempre serei grata a Deus por sua intervenção em minha vida e na vida de minha família. Estou feliz por estar na Congregação de Notre Dame de Sion. Sinto a presença de Deus no dia a dia e em tudo que faço e aprendo.