Théodore Ratisbonne nasceu em Estrasburgo, na França, sendo o segundo de dez filhos no seio de uma amorosa família judia que atuava no setor bancário. Como família, os Ratisbonne são honestos, corretos, e se preocupam com o bem-estar dos pobres em sua comunidade: Estrasburgo. Embora Théodore não tenha recebido educação religiosa formal, foi criado segundo os valores judaicos. Seu segundo irmão mais novo, Alphonse, nasceu em 1814, apenas quatro anos antes da morte da mãe de ambos. Ela faleceu quando Théodore tinha dezesseis anos.
Durante os anos após a morte da mãe, Théodore investiu bastante tempo na leitura de textos filosóficos, buscando significado e propósito na vida. Iniciou seus estudos de direito em Paris, e depois continuou em Estrasburgo. Mas, três anos depois, Théodore renunciou ao ofício de advogado. Em vez disso, optou por assumir as escolas que seu pai abriu para famílias judias pobres que habitavam a Alsácia. Ao mesmo tempo, continuou estudando ciências naturais e médicas.
Nas horas vagas, Théodore fazia um curso particular de filosofia. Os ensinamentos combinavam filosofia com teologia e exaltavam a fé acima da razão. Tal estímulo fez Théodore refletir sobre a religião de maneira inédita. O curso em questão era realizado na casa da Sra. Louise Humann.
Foi frequentando este curso de filosofia que Théodore conheceu Louise Humann. Trinta e seis anos mais velha que Théodore, Louise era uma mulher culta, de notável inteligência e profunda fé. Ela é uma das três pessoas signatárias do “Pacto de Turkenstein”, firmado em 1797, no qual o grupo prometeu solenemente dedicar suas vidas a Deus e ao serviço ao próximo, especialmente no tocante à educação da juventude — diante das limitações impostas às comunidades religiosas que trabalhavam nas escolas durante a Revolução Francesa.
Uma profunda amizade espiritual se desenvolveu entre Théodore e Louise. Louise orientou Théodore na leitura das Escrituras e, quando Théodore escolhe ser batizado, foi Louise quem o batizou. Logo após seu batismo, Théodore iniciou os estudos para o sacerdócio.
Théodore foi ordenado padre. No ofício, foi diretor de uma seção de uma escola em Estrasburgo, lecionou catecismo e, além disso, foi nomeado pelo bispo como pároco, assumindo funções paroquiais. Em 1834, uniu-se a um pequeno grupo de jovens padres para promover a abertura de escolas em Estrasburgo. Théodore se entregou de todo o coração ao ensino. As escolas gozavam de boa reputação e cresciam rapidamente.
Théodore mudou-se para Paris e assumiu o cargo de diretor assistente de uma arquiconfraria de oração em uma paróquia parisiense. Um ano depois, tornou-se responsável pela capelania de um orfanato que abrigava 300 crianças. Esta obra era consonante ao impulso que Théodore sentia por ajudar crianças e pessoas que viviam na pobreza.
Apesar do desinteresse por qualquer tipo de religião, Alphonse, irmão mais novo de Théodore, vivenciou um encontro com uma visão da própria Virgem Maria. Tal evento ocorreu na Igreja de Sant’Andrea delle Fratte, em Roma.
Mais tarde, ele relataria: “A igreja parecia estar ficando escura, exceto por uma única capela, onde toda a luz estava concentrada. Erguendo os olhos para esta capela radiante de luz, vi Maria, cheia de beleza e misericórdia… Ela não falava, mas eu compreendia tudo!”
O incidente milagroso teve um efeito profundo em ambos os irmãos.
Cinco meses após a visão, Alphonse entrou no noviciado jesuíta em Roma. Oito anos depois, ele pronunciou seus primeiros votos e foi ordenado sacerdote. Mas, em 1852, pouco antes de seus votos perpétuos, ele deixou os jesuítas para se juntar a seu irmão, Théodore.
Théodore interpretou a aparição de Maria a Alphonse como um sinal de discernimento para si mesmo. No curso da história, a data da aparição se tornará o Dia da Festa de Notre Dame de Sion. Todos os anos, no dia 20 de janeiro, celebramos este evento que catalisou o nascimento da Congregação.
Desde seu encontro com a Virgem Maria em Roma, Alphonse vinha pedindo insistentemente a seu irmão mais velho que fizesse mais pelas famílias judias necessitadas, cuja situação ele testemunhou em Estrasburgo e na região da Alsácia na França. E Théodore aceitou essa ideia como uma confirmação de um profundo desejo que nutria de compartilhar a “paz, luz e felicidade” que havia encontrado.
Então, aguardou a bênção do Papa Gregório XVI. Em seguida, atendeu ao pedido de uma mãe judia necessitada, aceitando criar suas filhas, com a ajuda de duas mulheres que o acompanhariam nos trabalhos paroquiais.
Outras famílias decidem confiar suas filhas ao grupo, e mais mulheres se unem para dar apoio e sustento às crianças. Tais mulheres sentiam-se fortemente atraídas para a vida religiosa e, assim, solicitaram que pudessem ser estabelecidas como uma instituição religiosa. A primeira consagração é feita, sem votos.
O Papa Pio IX emite uma encíclica apostólica concedendo indulgências plenárias — perdões espirituais — às “Senhoras de Sion”. No final do ano, o arcebispo de Paris aprovou a regulamentação para o estabelecimento da comunidade, de acordo com o direito canônico. No ano seguinte, as primeiras irmãs pronunciarão seus votos.
Théodore imaginava a vocação de Sion como uma vocação de amor. “Acima de tudo, devemos amar o povo de Israel”, ele dizia. A intuição fundamental de Théodore era a de que o chamado da Congregação era o de manter vivo dentro da Igreja o amor contínuo de Deus pelo povo judeu. Isso era ainda mais significativo no contexto de séculos de perseguição aos judeus perpetrada pelos cristãos — um contexto que ainda não havia mudado na época de Théodore. Ele recordava repetidas vezes às irmãs sobre as raízes judaicas do cristianismo, e o fato de que Jesus nasceu judeu.
O principal ministério das irmãs, para o próximo século, será o da educação. Com o passar dos anos, as irmãs construíram e administraram escolas para meninas. Também cuidaram de muitos órfãos e crianças carentes. As irmãs se dedicaram ao exigente trabalho de direção das escolas, que se tornariam conhecidas por sua excelência educacional.
Ao contrário de outras escolas católicas da época, as escolas de Sion acolhiam crianças de diferentes credos. Em matéria de instrução religiosa, as irmãs observavam escrupulosamente os desejos das famílias das suas alunas.
Em 1873, a Congregação das Irmãs de Nossa Senhora de Sion finalmente recebeu a aprovação definitiva para seu pleno estabelecimento.
Neste ponto, 60 irmãs encontravam-se estabelecidas em três casas distribuídas nas cidades de Paris e Evry. Em 1851, foi nomeada a primeira Superiora Geral da Congregação, mediante um Conselho de 12 irmãs.
As instalações de Paris e Evry serviam como escolas. Gradualmente, foram abertas escolas de Notre Dame de Sion em vários locais da França: Marseille, Saint-Omer, Royan, Biarritz, Estrasburgo, Le Mans e Grenoble.
Desde as primeiras fundações, Théodore desejava fornecer educação para quem, de outra forma, não teria a oportunidade. As iniciativas desdobravam-se em orfanatos, escolas primárias, escolas secundárias, escolas técnicas, externatos e internatos.
O ensino era baseado em uma pedagogia inspirada em Louise Humann: uma educadora à frente de seu tempo, que acreditava na importância da existência de uma relação de confiança entre professores e alunos, além de priorizar o desenvolvimento de habilidades de pensamento e diálogo — em contraponto à aprendizagem mecânica. As escolas ofereciam às meninas a chance de desenvolverem sua própria voz e aprenderem a viver em harmonia com pessoas de origens diferentes das suas. Isso se tornará um modelo para as escolas Sion em todo o mundo.
Alphonse deixou os jesuítas para se juntar a seu irmão Théodore. Assim, foi formada uma sociedade de padres, a Société Saint-Pierre. A aprovação oficial da sociedade, renomeada Société des prêtres missionnaires de Notre Dame de Sion, foi concedida em 1855 pelo Arcebispo de Paris.
A relação de profunda unidade e confiança de Théodore para com o irmão, Alphonse, desempenhará um papel importante no desenvolvimento de Notre Dame de Sion no curso da vida de ambos. O forte laço característico do vínculo de família permanece uma característica dos irmãos e irmãs NDS até os dias de hoje.
A sociedade de padres foi transformada em congregação somente após a morte de Théodore e Alphonse. Em 1893, passou a ser a Congrégation des prêtres missionnaires de Notre Dame de Sion e, após a Segunda Guerra Mundial, o nome mudou novamente, agora Congrégation des religieux de Notre Dame de Sion.
Hoje em dia, a congregação dos irmãos está presente no Brasil, Israel e França.
Alphonse sentiu-se atraído por Jerusalém e partiu em peregrinação para lá. Dali em diante, ele residirá na Terra Santa pelo resto da vida.
Em 1856, chegarão as primeiras irmãs para trabalhar com ele. Aos poucos, as obras foram sendo realizadas em Ecce Homo, localidade situada na Cidade Velha de Jerusalém. Neste sítio de valor arqueológico, extensos trabalhos de escavação já descobriram muitas relíquias preciosas, datadas desde antes até depois da vida de Jesus. Assim que as obras permitiram, o convento Ecce Homo começou a escolarizar as crianças e, em 1881, já acolhia cerca de 200 estudantes.
Em 1861, uma casa será comprada em “São João na Montanha” (Ein Kerem), situada nas colinas circundantes. Preocupado em estabelecer um modelo intercultural, Théodore escolheu sete irmãs de seis nacionalidades diferentes para formar a nova comunidade de Ein Kerem. Lá, a missão começou como um internato para órfãos. Em 1883, já acomodava 100 crianças.
Desde o início, as irmãs de ambos os locais estreitaram relações com as pessoas da vizinhança. As escolas forneceram educação para judeus, muçulmanos e cristãos que viviam na área, mas com um diferencial: atuaram como dispensários (farmácias), oferecendo remédios simples e gratuitos para a população local. E receberam também estudantes de mais longe: Jordânia, Líbano, Síria, Emirados Árabes e Arábia Saudita.
As irmãs de Sion têm a oportunidade de assumir um internato em Constantinopla (atual Istambul). Elas veem nisso uma chance de se expandir para o Oriente Médio, onde vivem cristãos de muitos ritos, muitas vezes com mal-entendidos e em oposição — então elas aceitam a oferta. E é nesse contexto que Sion cria a primeira escola secundária feminina aberta oficialmente na Turquia. Inicialmente atraindo famílias cristãs, logo recebe também alunas judias e muçulmanas.
Durante a vida de Théodore, foram fundados mais dois internatos na Turquia – Chalcedon (Kadıköy) e Smyrna (İzmir). Além disso, no novo milênio, um jardim de infância e uma escola primária foram abertos em Istambul.
Hoje, as escolas de Istambul fazem parte da Rede de Escolas de Sion. Elas promovem um clima igualitário e uma forma de pensamento tolerante, orientando os jovens para a busca do que une, e não do que divide.
A convite do cardeal Manning, líder da igreja em educação e justiça social, as irmãs rumaram para a Inglaterra e estabeleceram uma escola em Londres. Nas próximas duas décadas, outros três conventos foram abertos em Londres e arredores. Uma das escolas forneceu educação para mais de 300 crianças que viviam em uma área carente de Londres. Em certo ponto, houve seis escolas Sion na Inglaterra, no total.
Um século depois, a escola Sion em Bayswater se mudou e se fundiu com uma escola secundária local. Isso vagou espaço na localidade de Bayswater, que passou a abrigar um novo instituto catequético estabelecido pela diocese para ajudar padres, professores e pastores a implementar os ensinamentos vindos do Concílio Vaticano II. Com o tempo, esta iniciativa se transformará no SCDE – Centro Sion para Diálogo e Encontro. Tanto como escola como centro de estudos para adultos, é um local onde se ensinam as raízes judaicas do cristianismo e se promove a amizade e o diálogo.
Hoje em dia, a Congregação está presente no norte, na região conhecida como “Midlands” e no sul da Inglaterra, onde as irmãs são ativas nas áreas de estudos bíblicos, relações judaico-cristãs e inter-religiosas, justiça social e trabalho paroquial. A escola Our Lady of Sion School em Worthing mantém o etos de NDS e o compromisso com o diálogo e o respeito por todas as pessoas até os dias de hoje.
O SCDE na atualidadeSion realizou seu primeiro Capítulo Geral – uma assembleia do Conselho Central, mais a participação de outras irmãs com papéis importantes. Este capítulo realizou a aprovação da primeira Constituição da Congregação, contendo orientações, previamente definidas na Règle (Regra), sobre como viver como uma irmã de Sion.
A pedido do bispo Iosif Salandari, as irmãs partiram com destino à Romênia. Sion foi uma das primeiras congregações católicas a chegar à região. As irmãs abriram uma escola externa e interna na cidade de Iași, com o objetivo de contribuir para a educação da região. No ano seguinte, uma escola semelhante foi criada na cidade de Galați. Em 1904, 130 irmãs forneciam educação e assistência caritativa a 900 meninas nas duas escolas.
Pouco antes da virada do século, as irmãs abriram uma terceira escola em Bucareste.
As alunas aprendiam em um ambiente que promovia a igualdade e o respeito. As irmãs cuidavam da formação humana e espiritual de todas as crianças que lhes eram confiadas. As escolas serão muito respeitadas e continuarão sendo motivo de orgulho para muitas ex-alunas judias, ortodoxas e católicas, bem como suas famílias.
Em 1917, 57 irmãs serão forçadas a escapar da Romênia devido à turbulência causada pela Primeira Guerra Mundial. Elas embarcaram em uma viagem de dois meses de duração rumo a Paris mas percorrendo uma longa rota por terra e mar, passando por Moscou, Arkhangelsk, Ilhas Faroé, Invergordon e Londres.
As filhas do presidente da Costa Rica estudaram no colégio de Sion em Paris. Quando a esposa deste, Emilia Solórzano Alfaro, abordou a Congregação indagando sobre a possibilidade de uma escola em sua cidade natal, Alajuela, perto de San José, Théodore muito se alegrou com esta nova abertura nas Américas. Ele exortou as irmãs enviadas para lá a priorizarem a oferta de educação para as pessoas mais necessitadas.
Assim, em outubro de 1878, chegaram à Costa Rica irmãs vindas da França, mas sem nenhuma experiência com a cultura da América Central. Rapidamente começaram a aprender o idioma e, dois meses depois, um colégio de Sion abriu suas portas pela primeira vez na Costa Rica.
Houve bastante procura por matrículas no colégio e, apenas um mês após o início das aulas, as irmãs precisaram pedir reforços de ensino da França para atender à crescente demanda.
Desde os primeiros tempos da Congregação, Théodore quis marcar presença no Egito, devido ao significado bíblico do local em relação ao povo judeu e à geografia da Península do Sinai, que faz fronteira com a Terra Santa e representa uma ponte de terra entre a Ásia e África. Seu coração estava determinado a iniciar uma comunidade em Alexandria: já era um centro para o cristianismo no séc. I d.C. e, na época de Théodore, ainda expressava uma antiga tradição de erudição e abrigava uma grande população judaica.
As duas primeiras irmãs chegaram a Alexandria, vindas de Jerusalém, em abril de 1880. Adquiriram um hotel em ruínas e, após seis meses de reforma, abriram um internato. Mais irmãs chegaram, e todas juntas administraram a escola durante 90 anos.
Quando, em 1970, as irmãs de Sion repassaram a escola a uma congregação católica copta, algumas irmãs permaneceram em Alexandria, enquanto outras se mudaram para a cidade do Cairo, onde continuaram, até hoje, empenhadas na justiça social e no trabalho pedagógico. No distrito de Materiah, no Cairo, elas abriram um jardim de infância em um contexto que necessitava muito de tal instituição.
Uma irmã, Sœur Emmanuelle, escolheu viver entre os catadores de lixo na favela do Cairo; ela se dedicou a melhorar a vida da população local por meio de projetos de educação e saúde e promoção de estratégias sustentáveis de geração de renda.
Em 1994, uma nova comunidade foi estabelecida na aldeia de El Berba, na zona rural do Egito. As irmãs se envolveram em projetos pastorais, sociais e de desenvolvimento entre os camponeses da aldeia. Três novas irmãs de Sion são oriundas desta aldeia.
As relações na Tunísia começaram a se formar ainda na década de 1860. O projeto de fundação em Túnis (capital da Tunísia) finalmente tomou forma em 1881, a pedido do bispo da cidade. Enquanto as obras de construção de uma nova escola avançavam, as irmãs abriram um pequeno internato em uma casa alugada. Esse arranjo temporário se revelou desafiador e, em 1883, após repetidas inundações e desabamentos do telhado, as irmãs foram transferidas para a nova escola do convento, ainda em construção. Quando a capela foi finalmente consagrada em 1891, havia 260 alunos. A escola cresceu e, em 1946, havia quase 900 crianças internas e externas, que tinham acesso a um amplo programa escolar, bem como atividades extracurriculares em disciplinas artísticas, estudos religiosos, esportes e idiomas, incluindo o árabe.
Enquanto isso, em 1898, uma segunda escola foi aberta ao norte, em Bizerte e, 33 anos depois, uma terceira escola foi aberta na zona rural de Khaznadar, nos arredores de Túnis. As escolas recebiam meninas muçulmanas, judias e cristãs de toda a Tunísia.
Trieste foi o local da última comunidade inaugurada durante a vida de Théodore Ratisbonne — mas a primeira no Império Austro-Húngaro. O pedido para que a Congregação fosse até lá partiu de moradores locais que conheceram a casa Ecce Homo em Jerusalém.
Depois de superar uma série de obstáculos burocráticos, as primeiras irmãs chegaram a Trieste em 1883, e a escola foi inaugurada no final do ano. A instituição foi ampliada para receber estudantes de nível primário e secundário da Iugoslávia, Albânia, Montenegro e da região de Istria (Croácia).
As irmãs abriram uma escola em Viena em 1889, e outra, 14 anos depois, em Trento. Um colégio de Sion foi fundado em 1903 na cidade de Praga, mas enfrentou uma série de impedimentos e acabou sendo fechado após oito anos.
Théodore faleceu em 10 de janeiro de 1884 e foi enter-rado na França, no terreno do colégio de Sion localizado em Grandbourg (Évry). Seu irmão Alphonse faleceu quatro meses depois, em 6 de maio de 1884, e foi enter-rado no jardim do mosteiro de Ein Kerem, em Israel.
A essa altura, a Congregação havia estabelecido 21 fundações em nove países. Sion já havia se feito bem conhecida por cuidar dos marginalizados e pelo alto padrão de suas escolas, onde estudantes recebiam a constante orientação de respeitar a fé e a cultura de todos.
As últimas palavras que Théodore sussurra são: “Seja feita a Tua Vontade, com amor.”
E assim começou uma nova era, na qual as irmãs iriam assumir o comando total da Congregação, guiadas pelos ensinamentos sempre presentes, a espiritualidade e a sabedoria de seu fundador.
A primeira nova fundação das irmãs após a morte de seu fundador ocorreu em Roma. O internato que as irmãs abriram floresceu, e elas mudam de local várias vezes para instalações maiores, estabelecendo-se no Janículo.
A escola fechou em 1939, mas as irmãs permaneceram em Roma e, lá, construíram sua nova casa generalícia, a fim de estarem mais próximas do coração da Igreja Católica Romana durante o Concílio Vaticano II (1962-65).
Depois do Concílio Vaticano II, a Congregação inaugurou, no centro da cidade, o SIDIC – Service Internationale de Documentation Judéo-Chrétienne (Serviço Internacional de Documentação Judaico-Cristã).
A administração central da Congregação permanece em Roma até os dias atuais.
Quando as irmãs chegaram ao Rio de Janeiro, já fazia 60 anos que as meninas no Brasil tinham recebido acesso formal à escolarização e, mesmo assim, ainda faltava oferta de educação feminina. A solicitação inicial para a chegada de Sion ao país partiu de uma comissão do governo.
As duas primeiras décadas da presença de Sion no Brasil serão marcadas por sucesso acadêmico desafiado por crises sanitárias locais. As irmãs adquiriram ou construíram escolas no Rio de Janeiro, Petrópolis, Juiz de Fora, São Paulo, Campanha e Curitiba para atender à crescente demanda pela escolarização que ofereciam. Mas, nas épocas iniciais, elas se viram forçadas a se mudar várias vezes durante os surtos de febre amarela, para evitar a propagação da doença.
Em 1935, a escola no Rio era frequentada por uma mistura diversificada de meninas, centenas das quais de famílias que viviam na pobreza. O colégio será aberto para meninos em 1971 e, em 1988, haverá 1.400 alunos.
A escola de Sion em Curitiba foi a primeira no Brasil a adotar o método de ensino Montessori em 1950, sob orientação direta de Maria Montessori.
Mais escolas foram abertas dentro de projetos de ensino gratuito nas cidades de Curitiba e Salvador. Ao longo do tempo, serão onze escolas no Brasil. Cinco destas escolas de Sion permanecem administradas sob os auspícios da Congregação até hoje.
As irmãs sempre estiveram envolvidas no trabalho social dentro e fora das escolas. Atuam em projetos solidários de longo prazo e oferecem estudos bíblicos para crianças e jovens em suas paróquias.
Em 1958 foi fundada a comunidade de Solitude, em Curitiba: a primeira fundação contemplativa de Sion estabelecida fora da Europa. Uma segunda casa contemplativa foi inaugurada quase meio século depois em Divina Pastora, pequena cidade sergipana.
Em resposta a um pedido de ajuda do bispo James Corbett para estabelecer escolas católicas na diocese de Sale, Victoria, um grupo de irmãs europeias se lançou em uma viagem marítima de 42 dias rumo à Austrália. Imediatamente após chegarem a Sale, elas assumiram a direção da escola primária local e fundaram uma pequena escola secundária em instalações temporárias. A construção de um novo convento e escola de grande porte proporcionou emprego a muitos trabalhadores locais durante a crise bancária australiana.
As irmãs passaram a ser vistas como mulheres cultas e atenciosas que trouxeram uma presença espiritual feminina sem precedentes. As escolas foram capazes de oferecer um currículo muito mais amplo do que anteriormente disponível em um contexto religioso. Os internatos darão às meninas de áreas remotas do interior o acesso a uma educação que, de outra forma, não teriam.
Durante as décadas seguintes à conclusão da obra da escola de Sale, foram lançadas fundações em Bairnsdale, Warragul e Box Hill, e um orfanato foi adicionado ao estabelecimento de Sale. As irmãs se tornaram diretoras e professoras em escolas primárias e secundárias.
A partir da metade do século XX, as irmãs passaram a se envolver menos na administração das escolas. No entanto, o compromisso delas com a educação continua até hoje, em escolas, no ensino superior e em contextos extraescolares.
As irmãs sempre foram profundamente envolvidas em suas paróquias locais e realizam trabalhos sociais e humanitários.
As primeiras fundações na América do Norte ocorreram em três cidades vizinhas, localizadas no estado norte-americano do Maine. Em Auburn, uma escola passou a oferecer educação para o grande número de falantes de francês residentes no local, e um noviciado foi estabelecido. Em Lewiston, o centro industrial mais importante do Maine, as irmãs trabalharam em uma escola paroquial, com turmas de até 150 alunos. Também em Brunswick, as irmãs lecionaram em uma escola paroquial.
Em 1904, as irmãs, que eram mais de sessenta, deixaram o Maine. Algumas permaneceram nos EUA. Outras ajudaram a estabelecer novas fundações no Brasil e na Austrália. Algumas responderam a um apelo do Canadá.
Ao longo dos anos, foram lançadas fundações no Centro-Oeste e no Nordeste nos seguintes locais: Kentucky, Missouri, Michigan, Washington DC, Nova York, Nova Jersey e Illinois. A maioria das irmãs se envolveu no ensino, trabalho paroquial e trabalho social; outras optaram por estudos de pós-graduação.
As irmãs em Kansas City (Missouri) abriram um jardim de infância francês que evoluiu para uma escola primária e uma escola secundária. Em 1962, a presença do Sion em Kansas City se expandirá com a mudança do colégio para um novo campus, que continua a ser membro ativo da rede internacional de escolas Sion.
Depois do Vaticano II, os esforços das irmãs passaram a se voltar para os estudos judaico-cristãos e relações inter-religiosas. A excelência acadêmica tornou-se altamente valorizada. As irmãs também seguiram ativas na educação e na promoção da justiça ecossocial e dos direitos humanos.
A Congregação se estendeu até a Bulgária em 1897, a pedido do bispo de Ruse, para administrar um internato e uma escola diurna onde crianças e meninas ortodoxas, católicas, protestantes e judias podiam estar juntas.
Em 1915, quando a Bulgária entrou na guerra, as irmãs francesas saíram, a escola fechou e um hospital militar passou a ocupar parte dos prédios. Para as irmãs deixadas em Ruse, as condições tornam-se cada vez mais duras durante a guerra. Algumas irmãs que estavam internadas em Philippopolis (hoje Plovdiv), quando retornaram a Ruse no final de 1917, precisaram permanecer em porões enquanto o conflito continuava. A casa ficou gravemente danificada pelos bombardeios.
Em 1918, as irmãs aceitaram uma oferta para administrar um internato e uma escola diurna anteriormente mantida pelos alemães. A escola floresceu e cresceu até a Segunda Guerra Mundial chegar à Bulgária. Em 1943, após inúmeros bombardeios e requisições, a escola foi fechada.
Por fim, em 1948, as circunstâncias devidas à Cortina de Ferro na Europa Central forçaram todas as irmãs a deixar o país.
As irmãs abriram uma escola na Antuérpia em 1903, após as leis anticlericais da França. A escola foi fechada temporariamente entre 1915 e 1919 devido à Primeira Guerra Mundial, depois novamente durante alguns meses durante a Segunda Guerra Mundial e, definitivamente, em 1952, quando as irmãs deixaram a Bélgica.
Em 1970, as irmãs retornaram, a pedido da Igreja de Bruxelas, para abrir um centro judaico-cristão. Neste centro, que tomará o nome de Service de Documentation pour les Relations Judéo-Chrétiennes (Serviço de Documentação para as Relações Judaico-Cristãs), eram realizados cursos, palestras, conferências e reuniões. O centro abrigava também uma considerável biblioteca e publicava uma revista trimestral. Este centro foi o primeiro entre uma série de fóruns para encontros inter-religiosos criados por cristãos e judeus na Bélgica durante a década de 1970.
Em 2004, a Congregação doou os arquivos e a documentação do centro para o KADOC, um centro de documentação e pesquisa sobre religião, cultura e sociedade sediado em Leuven, Bélgica.
24 irmãs de Sion deixaram o estado norte-americano do Maine em resposta a um apelo do bispo Pascal para que abrissem uma academia para meninas em Prince Albert (Saskatchewan), Canadá. Pouco depois, as irmãs estabeleceram academias em Moose Jaw e Saskatoon. As escolas floresceram, e um número significativo de formadas entrou no noviciado, que foi aberto em 1949.
Em Saskatoon, algumas irmãs administravam e lecionavam em uma escola particular, a Sion Academy. O Sistema das Escolas Católicas de Saskatoon emprega outras pessoas como professores do ensino fundamental. Gradualmente, pequenas comunidades foram surgindo, por vários períodos de tempo, para apostolados específicos como pastoral paroquial, discernimento vocacional e cuidado de crianças deficientes.
Enquanto isso, em 1947, iniciou-se a expansão para o leste do Canadá a partir da cidade de Montreal, com a fundação de um centro judaico-cristão e uma escola bilíngue.
Em 1964, um grupo de irmãs foi a Toronto para estudar os novos desenvolvimentos em teologia e escritura introduzidos pelo Vaticano II. Um segundo grupo chegou em 1970, e seus ministérios incluíam estudos acadêmicos, ensino, ecumenismo, diálogo inter-religioso e projetos sociais, como ajudar refugiados a se estabelecerem na cidade.
A partir de 1979, as irmãs de Winnipeg passaram a morar no centro da cidade onde, por 40 anos, trabalharam nas áreas de educação e justiça, inclusive em uma escola alternativa e um centro de acolhimento frequentado por muitos jovens da comunidade dos povos nativos.
A partir de dado momento, a presença de Sion no Canadá passou a ser caracterizada por irmãs aposentadas, engajadas principalmente no apostolado da oração. Aquelas que podem ainda se envolvem ativamente no diálogo judaico-cristão, no ministério entre os necessitados e na solidariedade com os povos indígenas.
As irmãs chegaram a Budapeste e abriram uma escola temporária nas instalações existentes. Enquanto aguardavam a conclusão das obras, se mudaram para uma colina nos subúrbios de Buda. Por fim, em 1930, se instalaram na nova escola do convento.
A escola rapidamente conquistou respeito na comunidade. Oferecia ensino de línguas estrangeiras e literatura europeia. Almejava ampliar a visão das crianças e ensinar-lhes amor e respeito.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a escola sofreu danos. Mas, em 1948, pouco após a reforma do prédio, a escola foi assumida pelo novo estado comunista e, em 1949, as irmãs deixaram a escola e o país.
Após o fim do comunismo, as relações com a escola foram restabelecidas.
Durante aqueles últimos 20 anos, círculos de colaboração entre cristãos e judeus começaram a se formar. Dentro desses círculos, as irmãs de Sion disponibilizaram sua rede internacional de conventos como pontos de encontro. Sem o conhecimento das irmãs na época, esses locais de reunião foram precursores dos centros judaico-cristãos que a Congregação estabeleceria nas décadas futuras.
Durante as décadas de 1920 e 1930, à medida que o antissemitismo crescia, as irmãs se tornaram mais ativas, dentro dos limites de sua vida enclausurada, engajando-se em tentativas colaborativas de combater o tipo de antissemitismo que se fazia ainda presente em muitos círculos cristãos e de facilitar o diálogo entre cristãos e judeus, participando de reuniões, escrevendo e publicando materiais.
A oração é central na vida de todas as irmãs de Sion, pois somente ela pode fazer desabrochar o mistério de Deus e os caminhos de Deus. É por isso que, quando Théodore Ratisbonne fundou a Congregação, ele já tinha clareza sobre a ideia de formar uma comunidade de irmãs que exercessem seu apostolado inteiramente por meio da oração. Ele sabia, porém, que levaria tempo para que isso acontecesse.
No início do século XX, Madre Christine era diretora do internato Sion em San José, Costa Rica. Em 1910, ela recebeu seu chamado à vida contemplativa enquanto estava em uma capela que permaneceu de pé após uma sucessão de terremotos reduzir a escombros muitos dos edifícios da região.
Mas foi somente em 1926 que Madre Christine foi enviada à França para cumprir a intuição de Théodore de iniciar uma comunidade contemplativa de Sion. Ela e duas outras irmãs se adaptaram tranquilamente a uma vida mais fechada, silenciosa e de oração, cheia da Palavra de Deus.
As Ancelles de Notre-Dame Reine de Palestine (irmãs de Nossa Senhora, Rainha da Palestina), uma comunidade católica que veio da Palestina para a França, uniram-se às irmãs de Nossa Senhora de Sion e formam o ramo das Ancelles da Congregação.
As mulheres deste ramo viviam de maneira diferente das outras irmãs. Fora dos muros do convento, são indistinguíveis pela aparência; se vestiam com roupas seculares, em vez do hábito que as outras irmãs usavam, e eram tratadas como “Senhorita”, não “Irmã” ou “Madre”. Elas viviam e trabalham lado a lado com o povo judeu e, ao longo dos anos, compartilharam os aspectos humanos dessa experiência e de sua compreensão da vida da comunidade judaica com as outras irmãs.
Em 1964, o ramo foi dissolvido. Alguns membros escolheram ficar com Nossa Senhora de Sion, enquanto outros se separarão da Congregação e assumirão o nome de Pax Nostra.
Quando a Segunda Guerra Mundial começou, havia mais de 2000 irmãs na Congregação — cerca de 25% delas na França. Muitas irmãs na França, Itália, Bélgica e Hungria empreenderam atos de coragem, abrigando crianças e famílias, obtendo documentos falsos e colaborando com outros trabalhadores da Resistência, lutando para salvar várias centenas de judeus.
Somente em Roma, as irmãs abriram suas portas para 187 pessoas, salvando-as da deportação. Esta foi a maior contribuição por parte de uma instituição religiosa feminina em Roma na assistência aos judeus perseguidos.
Após a guerra, as irmãs continuaram a liderar e apoiar iniciativas educacionais para aumentar a conscientização sobre a história da Shoah.
Décadas depois, Yad Vashem, o Centro Mundial de Memória do Holocausto, reconhecerá sete irmãs de Notre Dame de Sion e um padre de Sion como “Justos entre as Nações” por seu trabalho de resgate de judeus durante o Holocausto.
As irmãs instalaram uma casa em Madri e, inicialmente, administraram uma residência para jovens. Elas começaram a estabelecer contatos com a comunidade judaica e com estudiosos e jornalistas da Espanha e, em 1960, fundaram o Amistad Judeo-Cristiana (Amizade Judaico-Cristã), fórum que visava promover a amizade entre judeus e cristãos.
Uma das primeiras atividades do grupo foi a revisão de livros didáticos do ensino médio, pois muitos deles estavam contaminados pelo preconceito antissemita. Tanto o Ministério da Educação quanto a Igreja aceitaram as correções propostas. O grupo também organizou reuniões e realizou publicações e comunicações para a imprensa, rádio e TV.
Em 1960, uma comunidade de irmãs começou a se instalar em Barcelona. Inicialmente, elas se dedicaram ao trabalho social na periferia da cidade. Em 1966, um grupo judaico-cristão se formou em Barcelona sob o nome de Entesa Judeo-Cristiana (comitê judaico-cristão); dois anos mais tarde, obteve aprovação oficial.
Após a Segunda Guerra Mundial, a Congregação começou a assimilar o impacto do Holocausto. Nesta fase inicial, este longo processo foi articulado pela afirmação de que a tarefa de Sion é estabelecer um novo vínculo entre cristãos e judeus. Se o horror da Shoah chegou a ocorrer, as irmãs perceberam que o que Sion havia feito até então não fora suficiente. “Nosso apostolado especial”, escreve a Superiora Geral, Irmã Felix, “deve ser completamente readaptado às novas circunstâncias”.
Nessa intuição, Ir. Felix antecipa uma necessidade que se intensificará após uma longa batalha pública em 1953 a respeito da custódia de duas crianças judias cujos pais foram mortos em um campo de concentração nazista. O caso envolveu muitas figuras católicas, judaicas e do governo francês, além da Igreja Católica como instituição e até mesmo o estado espanhol de Franco.
Por fim, as crianças foram confiadas a seus parentes em 1953.
Este caso teve um efeito prejudicial nas relações entre as autoridades religiosas judaicas e católicas na Europa durante muitos anos. Mas também estimulou o povo católico, e particularmente as irmãs de Notre Dame de Sion, a vislumbrar novos relacionamentos com o povo judeu.
Durante cinco anos, as irmãs e os irmãos de Sion produziram uma publicação interna que incluía artigos para a educação continuada das irmãs a respeito do pensamento judaico-cristão da época — ainda em seus estágios iniciais.
Em 1955, Sion inaugurou o Centre d’étude et d’information pour Israël (Centro de Estudos e Informações para Israel) em Paris, e convidou muitos estudiosos para uma conferência internacional intitulada “Uma Sessão de Informação sobre Vários Aspectos do Mistério de Israel”.
Uma comissão permanente foi estabelecida para continuar a discussão lançada durante a sessão e ajudar a reorientar toda a Congregação. As irmãs perceberam que não bastava mais trabalhar em prol dos judeus. Gradualmente, o trabalho junto ao povo judeu foi sendo desenvolvido.
As irmãs abriram um pequeno centro, na mesma rua do convento Sion em Bayswater, Londres, onde judeus e cristãos passaram a poder estudar juntos. O centro abrigava uma biblioteca e produzia panfletos para promover uma compreensão mais aberta sobre as raízes judaicas do cristianismo e o judaísmo contemporâneo.
Com o passar do tempo, o centro se tornou um ambiente de estudo e crescimento na compreensão mútua não só entre cristãos e judeus, mas também entre outras religiões e culturas. Os principais pensadores de diferentes tradições se reuniram lá para trabalhar em prol da amizade e contra todos os preconceitos baseados na fé.
Em 2000, o centro e a biblioteca foram transferidos para o outro lado da rua e passaram a ocupar o recém-reformado edifício do convento. Para refletir seu trabalho e missão, passou a se chamar então SCDE — Centre for Dialogue and Encounter (Centro Sion de Diálogo e Encontro).
O SCDE nos dias atuaisUm pequeno grupo de irmãs se mudou para o bairro judeu de Fez. As irmãs se integraram à comunidade local: uma delas chegou a gerenciar a equipe de enfermagem de um hospital que atendia de 500 a 700 pacientes por dia. Sempre sintonizadas ao carisma, as irmãs iniciaram um grupo judaico-cristão informal que, anualmente, envolvia entre 10 e 50 membros. Estes se reuniam todos os meses para conversar e aprender sobre a fé de cada pessoa. O grupo se desfez em 1967, quando muitos judeus deixaram o país às vésperas da Guerra dos Seis Dias.
Em 1970, uma irmã se mudou de Fez para Casablanca, cidade onde obteve muito sucesso ensinando na escola judaica local e na Gendarmaria Nacional.
Em 1975, as irmãs deixaram o Marrocos.
Em 1961, irmãs do Egito, Malta, Romênia e França desembarcaram em Beirute, no Líbano, o país com maior diversidade religiosa no Oriente Médio.
Seu principal ministério era o da educação: orientando, ensinando e auxiliando crianças com dificuldades de aprendizagem nas escolas libanesas. As irmãs também ofereciam educação religiosa e catecismo em uma igreja local. Uma irmã dirigiu uma pensão que atendia moças de fora da cidade matriculadas na universidade. Algumas irmãs fizeram cursos de árabe e pesquisas inter-religiosas.
Em 1977, durante a guerra do Líbano, as comunidades de Beirute foram fechadas.
Uma grande mudança de direção começou a ocorrer na Congregação. A liderança adotou novas regras mais abertas para todas as irmãs, incluindo o uso de roupas seculares para contatos interpessoais e o exercício de ocupações profissionais além daquelas dentro das escolas, visando ajudar a quebrar as barreiras inter-religiosas.
As irmãs foram convidadas a se concentrar mais rigorosamente em aprender sobre Israel e conhecer o povo judeu. O Conselho Geral escreveu uma carta à Congregação solicitando diretamente que as irmãs trabalhem para combater o antissemitismo e se dediquem seriamente aos estudos judaicos.
Caberá às irmãs serem pioneiras de novas iniciativas.
Foram reunidas propostas sobre novas ações para promover o conhecimento do judaísmo e combater o antissemitismo. As irmãs se concentraram em promover palestras para seminaristas, padres e professores, lançar publicações informando um público mais amplo sobre o judaísmo e as raízes judaicas do cristianismo, criar grupos de diálogo e participar de encontros nacionais e internacionais entre judeus e cristãos, entre outras iniciativas.
Nesta fase, algumas irmãs passaram a estudar formalmente o hebraico e o judaísmo.
As noviças passaram a receber treinamento em conhecimento judaico, e cada província congregacional criou uma casa para irmãs cujo tempo e esforços serão totalmente dedicados a este trabalho específico.
Em 1962, logo após as irmãs Sion começarem a trabalhar conscientemente para mudar sua direção, a Igreja Católica também começou a passar por uma grande transformação com o Vaticano II: um conselho de líderes católicos, com três anos de duração, que viria a publicar 16 documentos destinados a trazer renovação espiritual para a Igreja no mundo moderno.
Em 1960, quando a preparação do concílio estava em andamento, o historiador francês Jules Isaac, cuja esposa e filha foram mortas em Auschwitz, encontrou-se com o Papa João XXIII em uma audiência privada e solicitou que uma “subcomissão” do Concílio estivesse encarregada de estudar a questão dos ensinamentos cristãos a respeito do povo do Antigo Testamento, o “Antigo Israel”.
A Congregação transferiu o generalato — sua sede — de Paris para Roma, visando facilitar a colaboração com o Concílio Vaticano II.
Durante o trabalho para o documento Nostra Aetate, as irmãs ganham uma compreensão mais clara sobre a real necessidade de ir além do conhecimento teórico sobre o judaísmo. Elas precisavam, em vez disso, aprender sobre os ideais da religião judaica, por meio do estudo, mas também da amizade com o povo judeu; e esta apreciação mais profunda precisava ser integrada nos trabalhos da Congregação.
O cardeal Bea enxergava as irmãs como perfeitamente posicionadas para implementar a Nostra Aetate no mundo. Ele foi convidado a se dirigir às delegadas durante a reunião do Capítulo Geral da Congregação e, na ocasião, chamou o documento Nostra Aetate de “um verdadeiro programa para o trabalho de Sion”.
As evidências das transformações na missão da Congregação desde a Nostra Aetate tornam-se cada vez mais tangíveis, pois a Congregação passou a investir muita energia na criação de espaços onde cristãos e judeus possam se conectar e aprender ativamente sobre a fé uns dos outros.
Durante as décadas de 1960 e 1970, foram estabelecidos 16 centros Notre Dame de Sion para estudo, documentação e encontro judaico-cristão em Jerusalém, na Europa, América do Norte, América Central, América do Sul e Austrália. Eles se tornaram uma voz ativa na Igreja e na emergente arena judaico-cristã para trocas e promoção de entendimento entre cristãos e judeus, e também entre pessoas de diferentes religiões.
Um total de dezenove centros serão abertos.
Em 1964, um pequeno grupo de irmãs chegou à Nicarágua — para grande alegria do padre franciscano e dos ex-alunos do Colégio de Sion da Costa Rica, que solicitaram a presença delas!
Elas se mudaram para uma casa modesta e começaram a lecionar em duas escolas em bairros carentes de Manágua. Mais irmãs chegaram; algumas se juntaram às de Manágua, enquanto outras se estabeleceram nas cidades vizinhas e em Estelí, ao norte. À medida que a presença de Sion cresceu, ampliou-se também o escopo do ministério das irmãs. Além do ensino escolar, elas passaram a oferecer catequese para crianças, formação de catequistas e cursos bíblicos, além de projetos em apoio às mulheres.
As irmãs compartilharam com o povo a dificuldade e a dor de uma guerra civil que deixou o país em grande pobreza. Uma irmã permaneceu na Nicarágua até 2022, lecionando na Universidade da América Central e realizando trabalho pastoral.
Atualmente, em Manágua, existe uma comunidade ativa de leigos da Família de Sion, que leva adiante os projetos iniciados pelas irmãs de Sion.
Pouco mais de 100 anos após a primeira viagem de Alphonse Ratisbonne à Irlanda, as irmãs escolheram uma casa no campo entre Dublin e a fronteira com a Irlanda do Norte como local para abrigar um centro residencial e de retiro judaico-cristão. A casa, uma mansão georgiana, estava bastante degradada quando as irmãs se mudaram.
Elas então construíram e cultivaram uma estufa de 2.000m2 e passaram a vender as flores, hortaliças e produtos do tipo nos mercados de Dublin e Belfast, com o objetivo de financiar os reparos necessários e devolver a casa ao seu estado original.
A Bellinter House abriu logo após o fim do Concílio Vaticano e servia como um dos centros para o novo movimento catequético na Irlanda. Passou a oferecer cursos residenciais de verão para formação bíblica e compreensão dos ensinamentos do Vaticano II — Concílio que exortou a Igreja a reexaminar sua compreensão sobre a própria igreja, a prática litúrgica e as relações com o judaísmo e outras religiões.
A casa tornou-se um local acolhedor para a população local trabalhar e desfrutar de encontros sociais.
Depois de várias décadas como um centro de renovação judaico-cristã e bíblica, a Bellinter House foi fechada em 2002. As irmãs se mudaram para Belfast e Dublin.
Hoje, Sion trabalha na Irlanda em diferentes dioceses de várias maneiras, sempre promovendo o crescimento e desenvolvimento pessoal por meio do estudo da Bíblia. Sion é também ativa no no aconselhamento.
As irmãs começaram a planejar um centro em Roma para ajudar os ensinamentos da Nostra Aetate a alcançarem o coração e a mente do mundo cristão.
Elas estabeleceram então o SIDIC – Service Internationale de Documentation Judéo-Chrétienne (Serviço Internacional de Documentação Judaico-Cristã) na área central. O SIDIC-Roma executou programas educacionais, tornando-se um local de encontro para diálogo e estudo inter-religioso. Abrigava também uma biblioteca, que contava com mais de 5.000 livros e periódicos sobre fontes e história judaicas, a história das relações judaico-cristãs, a Shoah e a filosofia e teologia pós-Shoah, cobrindo também os desenvolvimentos da Nostra Aetate e pós-Nostra Aetate. Por 36 anos, entre 1967 e 2003, o centro publicou o SIDIC Review – periódico lançado a cada 4 meses em inglês e francês.
Em 2002, o serviço de biblioteca e documentação do SIDIC foi transferido para o Centro Cardinal Bea de Estudos Judaicos, que é gerido pela Universidade Gregoriana de Roma.
Outra congregação pede às irmãs que assumam um albergue para mais de quarenta estudantes em Argel. Quando, em 1976, a nacionalização tornou obrigatória a transferência da gestão do albergue para funcionários argelinos, as irmãs permaneceram no país, mas trabalhando em outros empregos: na direção e administração hospitalar e como professoras em institutos culturais e embaixadas, por exemplo.
Mas, por fim, as irmãs deixarão a Argélia em 1985.
Em 1968, o Centre d’étude et d’information pour Israël (Centro de Estudos e Informações para Israel) foi renomeado SIDIC-Paris – Service d’Information et de Documentation Juifs-Chrétiens: o novo nome representava uma descrição mais precisa da intenção do centro como um serviço de informação e documentação judaico-cristã na França, alinhado com a iniciativa de Roma.
O SIDIC-Paris organizava encontros de estudo sobre a língua do hebraico bíblico, leitura da Bíblia com comentários judaicos, história do povo judeu e conscientização sobre a Shoah. Este centro publicava seu próprio periódico e tornou-se o lar de uma crescente biblioteca. Durante as décadas de 1970 e 1980, o centro foi líder no movimento em direção ao relacionamento entre cristãos e judeus.
Em 2016, o SIDIC-Paris cedeu seus recursos ao CIRDIC, um centro judaico-cristão cuja missão está alinhada com o pensamento sionense.
Théodore conhecia bem a Alemanha pré-guerra, tendo estudado parcialmente lá, e via o país como um lugar ideal para uma fundação de Sion. Essa intenção não foi realizada durante sua vida.
Quando as irmãs rumaram à Alemanha, em 1968, a história recente do país ainda estava envolta em silêncio.
As irmãs se estabeleceram em Frankfurt, uma cidade com uma longa tradição de tolerância e respeito. Elas optaram por não abrir um centro: preferiram sair para trabalhar com outras pessoas em outros lugares. Ofereciam grupos de estudos bíblicos e participavam de palestras, lecionavam onde oportuno e, aos poucos, tornaram-se conhecidas por seu compromisso com as relações judaico-cristãs.
As irmãs vivenciaram a transição da Alemanha do silêncio sobre o Holocausto para o enfrentamento direto — um processo que começou lentamente, mas cresceu rapidamente, após o 40º aniversário da Noite dos Cristais em novembro em 1978, quando eventos memoriais, palestras, livros e filmes recolocaram os eventos das décadas de 1930 e 1940 no centro das atenções.
Em 2007, as irmãs sentiram que era hora de estabelecer uma presença na antiga Alemanha Oriental, onde a consciência do Holocausto era menos avançada, havendo assim uma necessidade de desenvolver o conhecimento do judaísmo e a compreensão judaico-cristã. Assim, mudaram-se para Halle/Saale e se envolveram no trabalho paroquial.
Hoje, o ministério segue presente na Alemanha através do ofício da medicina e estudo bíblico.
Irmãs iugoslavas criaram uma comunidade em seu país natal. Durante doze anos, elas realizaram trabalhos paroquiais em Žiri, incluindo catequese e apoio a crianças carentes e suas famílias.
Desde 1968, as irmãs de Nossa Senhora de Sion estavam em diálogo com líderes da igreja argentina sobre a proposta de trazer a Congregação para o país. Em 1972, um grupo de irmãs brasileiras estabeleceu uma comunidade em Buenos Aires. Seu mandato era o de implementar uma resposta às recomendações da declaração Nostra Aetate sobre a relação da Igreja com as religiões não cristãs.
Elas começaram a trabalhar no sentido de estabelecer conexões com comunidades católicas, protestantes e judaicas locais e organizar e sediar discussões sobre temas judaico-cristãos. As irmãs participaram da vida paroquial, fornecendo ensino e orientação bíblica para adultos e crianças e contribuindo para atividades sociais.
O trabalho pedagógico da casa de Sion se expandiu, e uma biblioteca ganhou forma, incluindo apostilas educativas elaboradas pelas irmãs. Em 1991, este ponto de encontro para a aprendizagem judaico-cristã passou a se chamar Centro Bíblico Nuestra Señora de Sion (Centro Bíblico Nossa Senhora de Sion). Dez anos depois, a iniciativa se desdobra e inaugura a Escuela Bíblica Nuestra Señora de Sion (Escola Bíblica Nossa Senhora de Sion), com um programa de tempo integral que visava atender à necessidade de um tipo mais profundo de estudo da Bíblia. A instituição obteve a aprovação da academia bíblica e tornou-se a primeira escola na Argentina a oferecer educação superior certificada especializada nos dois Testamentos da Bíblia.
Em 2002, as irmãs deixaram a Argentina, mas seu compromisso com a educação bíblica e o diálogo inter-religioso permanece no centro até hoje.
Centro Bíblico Nuestra Señora de Sion na atualidadeAs irmãs desembarcaram no México para fins de estudo. Lá, encontraram uma comunidade judaica ativa e, durante oito anos, à medida que avançam nos estudos, foram se envolvendo em atividades judaico-cristãs e ecumênicas.
Apesar do entusiasmo em manter uma comunidade lá, as irmãs não conseguem obter permissão para fazê-lo. Uma vez concluídos os estudos, precisaram deixar o México.
Em 2016 e 2017, as irmãs retornaram ao país com leigos associados de Sion para oferecer programas de estudo intensivo de curta duração em uma paróquia de San Luis Potosí.
As sementes do CBF – Sion Centre for Biblical Formation (Centro Sion de Formação Bíblica) foram lançadas na década de 1970 por um pequeno grupo de religiosos eruditos francófonos de Jerusalém, que passaram a realizar sessões de estudos bíblicos para pessoas interessadas em se aprofundar no conhecimento das Escrituras. O grupo incluía irmãs e irmãos de Sion.
As primeiras sessões foram realizadas no convento das Irmãs de São José. Com o tempo, dois ramos de estudo evoluíram: um em estudos judaicos, e outro em formação bíblica.
Em 1982, a atividade de formação bíblica foi transferida para Ecce Homo. As irmãs de Sion levaram adiante a abordagem colaborativa estabelecida no convento das Irmãs de São José e acrescentaram cursos em inglês ao currículo francófono já existente.
Os programas desenvolvidos pelas irmãs tinham a característica de integrar sessões tradicionais em sala de aula com viagens de campo a locais bíblicos e encontros com a população local. Em 2007, os cursos tornaram-se disponíveis também em espanhol.
Hoje, o CBF oferece cursos em inglês, espanhol e francês, e desenvolve programas com os demais centros de estudos de Sion e com outras entidades e grupos do mundo todo.
O CBF na atualidadeQuando as irmãs criaram uma fundação lá, Genebra era predominantemente uma cidade protestante, onde as disputas históricas com a Igreja Católica estavam em processo de resolução e havia uma comunidade judaica presente. A cidade era também o lar de muitas instituições internacionais, como a Liga das Nações (precursora da ONU), o Conselho Mundial de Igrejas e o Secretariado do Congresso Judaico Mundial.
Este aspecto internacional de Genebra foi a principal motivação para fundar uma comunidade NDS lá, no ano de 1984. Três irmãs se juntam a uma que já morava lá há vários anos, sempre empenhada no trabalho pastoral e cultivando relações nas comunidades cristã e judaica.
Durante 10 anos, até a partida em 1994, as irmãs terão compromissos de vários tipos: profissionais (saúde, biblioteca), pastorais (catequese, capelania universitária e hospitalar) e no diálogo inter-religioso e judaico-cristão.
Uma das iniciativas que este último ocasionou foi o Groupe de Dialogue entre Juifs et Chrétiens (Grupo de Diálogo entre Judeus e Cristãos), que passou, em 1989, a publicar o periódico “Princípios e Perspectivas do Diálogo Judaico-Cristão” — que era significativo na sua posição de revisão colaborativa de estudiosos judeus e cristãos sobre os “Dez Pontos de Seelisberg”, escritos em 1947 apenas por cristãos.
As irmãs dialogaram com o Congresso Judaico Mundial quando um convento carmelita foi estabelecido em Auschwitz.
O trabalho começou em 1975 para reformular as Constituições da Congregação — o livro que afirma o que são as irmãs de Sion e quem elas desejam ser. Em 1981, chegou-se a um consenso entre todas as irmãs sobre um texto completo que refletia os desenvolvimentos desde a metade século anterior, servindo também como um guia para o futuro.
O texto final foi aprovado pelo Vaticano em 1984.
Surge um novo impulso para buscar maneiras de compartilhar e trabalhar com mulheres e homens de vida leiga, sem votos, mas que sentem-se atraídos pela visão de Notre Dame de Sion. As diferentes formas de associação e amizade que surgem acabam por se enriquecer mutuamente.
Algumas pessoas participam de programas de formação que incluem o estudo e a reflexão sobre a Palavra de Deus à luz das tradições judaica e cristã, do judaísmo, da história e da espiritualidade da Congregação.
Hoje, a Família de Sion é diversa e difundida, com amigos e associados em todas as regiões internacionais onde as irmãs estão presentes, bem como em algumas onde elas mesmas não estão.
Quatro décadas de trabalho de base precederam a abertura em 1989 do CERJUC — Centro de Estudios y Relaciones Judeocristianas (Centro de Estudos e Relações Judaicas e Cristãs) em San Jose. Entre 1949 e 1989, duas irmãs trabalharam incansavelmente para promover relações harmoniosas entre a comunidade local e os muitos judeus que imigraram para a Costa Rica, e uma terceira irmã reuniu o apoio de acadêmicos católicos e não católicos e figuras proeminentes, para estabelecer o CERJUC como o centro do país que seria o ponto de referência para o estudo bíblico de uma perspectiva judaico-cristã.
A principal aposta do CERJUC é na educação de adultos. O centro realiza cursos, conferências e oficinas de estudo da Bíblia e Hebraico Bíblico, publica material didático e abriga uma biblioteca especializada. Ele se tornou uma voz forte nas relações inter-religiosas na Costa Rica.
Hoje em dia, a atividade do CERJUC continua no país, e se expandiu internacionalmente no ambiente virtual!
CERJUC hojeNeste momento de sua história, a Congregação estava buscando ver o mundo com os olhos de quem vive na pobreza. As irmãs perceberam uma riqueza nas culturas asiáticas que gostariam de acrescentar à vocação de Sion. Após uma longa pesquisa sobre possíveis destinos, elas aceitaram a oportunidade de se mudar para as Filipinas, para fazer parte de uma nova igreja emergente lá.
Primeiro, estabeleceram uma comunidade em um ambiente rural no município de Real. Elas passaram dois anos aprendendo o idioma e se familiarizando com a cultura e o contexto e, depois, mergulharam em projetos de subsistência para capacitar a população local, especialmente as mulheres.
Em 1995, uma segunda comunidade nas Filipinas foi estabelecida na província costeira de Aurora. Lá, as irmãs viviam entre agricultores, pescadores e trabalhadores.
Em 2018, o visto de uma irmã legalmente treinada para morar nas Filipinas será revogado por causa de seu apoio a pessoas que vivem com baixa renda. As irmãs restantes e ainda lá presentes continuam profundamente engajadas na justiça social e ambiental e em temas inter-religiosos.
Em 1987, um grupo de irmãs visitou a República Democrática do Congo para explorar a possibilidade de uma nova fundação ali. Não foi estabelecida uma fundação, mas sim uma pequena e entusiástica rede. A partir disso, várias iniciativas se seguiram.
Em 1990 e 1991, as irmãs retornaram ao Congo para dar cursos de formação bíblica para seminaristas e irmãos religiosos na diocese de Kisantu. Infelizmente, em 1992, a continuação destes cursos foi impossibilitada pela guerra.
Entre 2001 e 2004, as irmãs lançaram e administraram um projeto de escolarização para 160 órfãos vítimas da AIDS, em Bukavu, no leste.
Em 2007, elas começaram a oferecer cursos de formação bíblica de um mês para líderes leigos das paróquias de Kananga. O ensinamento foi estendido a todas as pessoas locais, e as irmãs ofereceram apoio às reuniões durante todo o ano, mesmo quando não estavam presentes. Pessoas de todas as idades se encontram regularmente para compartilhar alegrias e tristezas, apoiar os enlutados e ajudar as crianças na escola, além de participar das formações oferecidas quando as irmãs visitam. Assim se formará uma comunidade de 100-200 Amigos de Sion!
Um pequeno grupo de irmãs se mudou para El Salvador. Inicialmente, elas colaboraram com as comunidades paroquiais na formação bíblica e catequética, ensinaram em uma escola local e ofereceram apoio a pessoas em comunidades marginalizadas.
Por quase duas décadas, elas continuaram trabalhando em projetos de justiça ecossocial, muitas vezes acompanhando mulheres e jovens em suas lutas diárias pela sobrevivência. Integravam redes bíblicas e religiosas e ministravam cursos bíblicos e de educação religiosa para crianças e adultos em várias paróquias. As irmãs participaram inclusive de projetos nacionais que promovem a paz.
Em 2015, quando a Congregação partiu de El Salvador, deixou para trás um forte grupo de leigos associados que permanecem fiéis a Notre Dame de Sion mesmo na ausência das irmãs e, até hoje, gostam de estudar a Bíblia juntos e continuar trabalhando no espírito sionense.
Mulheres polonesas estiveram entre os membros da Congregação desde sua fundação em 1800. Mas, apesar do desejo de Théodore Ratisbonne, uma comunidade não foi estabelecida na Polônia durante sua vida, porque naquela época o território polonês estava dividido entre o Império Russo, o Reino da Prússia e da Monarquia dos Habsburgos, e havia alguma hostilidade ao catolicismo.
Na década de 1980, uma irmã começou a visitar a Polônia para ajudar a resolver o conflito sobre o convento Carmelita em Auschwitz.
Em 2004, quando a Polônia aderiu à União Europeia, as irmãs abriram uma casa de formação na Cracóvia. Elas escolheram um local próximo ao campo de concentração e extermínio nazista em Auschwitz-Birkenau, para enfatizar a sensibilidade particular das irmãs ao povo judeu e ao Holocausto.
As irmãs se engajaram no diálogo inter-religioso na Cracóvia, em toda a Polônia e no mundo, com o objetivo de aprofundar o conhecimento da Bíblia e das raízes judaicas da fé cristã. Para isso, organizam grupos de estudos bíblicos sobre judaísmo e retiros espirituais, e escrevem sobre temas judaico-cristãos e bíblicos. Através da oração e dos encontros, elas oferecem apoio no discernimento vocacional.
As irmãs começam a levar programas de ensino para novos lugares, principalmente no Sul Global, onde a Congregação não tem presença permanente e há necessidade de apoio na educação judaico-cristã.
Após a experiência do ministério itinerante no Congo na década de 1990, as irmãs começaram a pensar em cursos bíblicos de curta duração em outras partes do mundo, com o objetivo de compartilhar com clérigos, seminaristas e leigos seus conhecimentos sobre o judaísmo, a compreensão judaica das Escrituras e as raízes judaicas do cristianismo.
As irmãs continuam a viver a sua vocação nos cinco continentes através de diversas formas de ministério, mas ligadas pelo carisma de Sion à Igreja, ao povo judeu e a um mundo de justiça, paz e amor. Percorrem o caminho sinodal, em diálogo com a vida, com os necessitados, tanto com as belezas como com as angústias do planeta, sempre buscando fortalecer e aprofundar seu serviço ao mundo.
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