Ir. Kasia é teóloga e especialista em estudos judaicos. Por mais de vinte anos, ela tem se empenhado ativamente no desenvolvimento do diálogo judaico-cristão e inter-religioso. Grande parte de seu trabalho na Polônia tem sido a defesa da memória e da verdade.
Antes do Holocausto, a Polônia abrigava 3,5 milhões de judeus, o que representava cerca de 10% da população. Nas grandes cidades, judeus e poloneses falavam os idiomas uns dos outros, e até mesmo as pequenas cidades mercantis eram um tanto mistas. Embora o antissemitismo fosse uma realidade até certo ponto, o povo judeu era parte integrante da Polônia, e a cultura judaica estava entrelaçada na sociedade polonesa. As atrocidades da Segunda Guerra Mundial reduziram a população judaica polonesa para 45.000 e, atualmente, estima-se que haja entre 10.000 e 20.000 judeus na Polônia.
Ir. Kasia promove e apoia iniciativas e eventos locais, nacionais e internacionais em homenagem às vítimas do Holocausto e ensina sobre o diálogo, participando como organizadora, coorganizadora e participante ativa em conferências, seminários e outros encontros. Ciente da importância de cada gesto no que, às vezes, pode ser a frágil realidade do encontro com os outros, seu envolvimento abrange pequenas reuniões paroquiais e comunitárias, bem como grandes conferências internacionais.
Em 2003, como estudante de teologia, Kasia participou de um seminário internacional judaico-cristão que lhe revelou uma lacuna em sua própria identidade e na identidade de sua região natal, Rzeszów. Ela começou a aprender mais sobre a história dos judeus poloneses e sua rica tradição espiritual.
Durante seus estudos de doutorado na Open University do Reino Unido e no Progressive Jewish Leo Baeck College em Londres, Ir. Kasia adquiriu experiência prática e teológica para o trabalho de diálogo inter-religioso. Ela lecionou em várias partes do mundo, desde a Polônia, passando por Jerusalém e Londres, até o Zimbábue e o Congo. Desde 2023, ela é copresidente do Conselho Polonês de cristãos e judeus e, no ano passado, tornou-se vice-presidente do Conselho Internacional de cristãos e judeus. Ela também está envolvida no diálogo entre cristãos, judeus e muçulmanos.
Em seu discurso, ela relembrou os escritos do Padre Musiał, pioneiro do diálogo católico-judaico e da reconciliação polonesa-judaica, em cujo nome o prêmio é concedido. Ela observou como as palavras dele contribuíram para a descoberta de sua “vocação dentro de uma vocação” em sua jornada rumo ao diálogo.
“Quão relevantes”, disse ela, “são as palavras do Padre Musiał, que escreveu em 1997: ‘Ainda há uma falta de consciência social de que o antissemitismo é mortal em sua natureza e em todas as suas formas, embora na maioria das vezes não diretamente e não imediatamente’”.
Kasia dedicou o prêmio a todas as irmãs de Notre Dame de Sion, do passado e do presente, por sua contribuição ao diálogo judaico-cristão. “Elas são minha inspiração”, disse ela. Ela também agradeceu à Irmã Maricica Benchea, NDS, que representou a Congregação no evento de premiação.
Durante a cerimônia, o cardeal Grzegorz Ryś também foi premiado por seu trabalho na promoção do espírito de diálogo e cooperação entre cristãos e judeus e entre poloneses e judeus.
