Nossa Senhora De Sion - Istambul - Visão histórica e 150º aniversário
06/04/2006: Turquia
No dia 7 de outubro de 1856, 11 Irmãs chegam na Turquia. Elas vêm assumir, em Istambul, no bairro de Pangalti, a direção de um Pensionato denominado «Casa do Espírito Santo», por causa da catedral, sua vizinha, e mantido até então pelas Filhas da Caridade.
No dia 27 de novembro de 1856, o «Pensionato» Nossa Senhora de Sion abre oficialmente suas portas, e é o primeiro liceu de moças na Turquia.
No começo, as alunas, praticamente todas internas, são recrutadas num ambiente cristão. Mas, rapidamente chegam crianças judias. Rapidamente, também, o estabelecimento, que atraiu a atenção do Sultão, recebe, da parte de altos dignitários do Império, o pedido de matricular aí suas filhas, e as primeiras alunas muçulmanas chegam em 1863. Essa mistura ajuda cada uma à abertura ao respeito pelo outro, à acolhida das diferenças, à tolerância, o que é um dos objetivos, e mesmo uma característica da educação proporcionada em Sion, como o desejava o Padre Théodore. Conforme seu desejo também, ao lado do Pensionato se abre uma escola primária para as crianças do bairro, menos favorecidas (1861 – 1964).
Por ocasião da 1ª guerra mundial as Irmãs francesas tiveram que partir e foram obrigadas a fechar o Pensionato. Os prédios foram ocupados por uma escola de engenheiros, depois por um hospital, no qual as irmãs poderão trabalhar junto aos feridos. A casa reabre suas portas em 1919. Mais tarde Mustafa Kemal, o «pai de nova República turca» (Atatürk), manifestou seu interesse, matriculando aí três primas de sua esposa e suas três filhas adotivas... Foi então que Sion adquiriu a casa de campo de Tharapia. Entre 1932 e 1973, como o fez muitas vezes Mons. Roncalli, núncio em Istambul, pôde-se gozar das margens do Bosphore, com amigos, grupos de jovens... É de praxe uma acolhida bem aberta.
Com o tempo, a estrutura da escola muda; às internas se acrescentam externas e semi-internas. As crianças das classes mais abastadas se encontram ao lado das que vem de ambientes mais simples. O diploma, concedido pela escola, conforme as normas da Instrução Pública, tem um caráter oficial. Depois, com o passar do tempo, ocorrerão outras modificações. Em 1971, as classes primárias do Pensionato serão fechadas. Em 1972, partirão as últimas internas. Em 1989, mudança importante: a direção do liceu passa a um leigo, embora Irmãs continuem a trabalhar aí. Em 1996, a escola se tornou mista e recebeu uns trinta meninos na classe Preparatória. Depois, uma lei turca nos obrigou a unir o Colégio às classes primárias. Foi criada uma Associação que permitirá a abertura, em 2001, de uma escola primária num outro bairro.
E eis que estamos em 2006, 150º aniversário de nossa chegada em Istambul! Enquanto, em 1956, o 100º aniversário foi celebrado simplesmente por causa de circunstâncias políticas pouco favoráveis, o 150º devia sê-lo com muita pompa – ao qual se dedicou o incansável Comitê dos(as) ex-alunos(as). Quatro dias festivos por ocasião do 20 de janeiro.
No dia 19 de janeiro, uma exposição sobre nossa história, com material antigo e muitas fotografias, foi realizada nas dependências de um Banco, que se comprometeu também a imprimir o livro escrito para a circunstância por uma aluna dos anos 1990, Saadet Özen.
No dia 20, um selo comemorativo foi entregue, com a ajuda da família de uma ex-aluna. À tarde, o Comitê dos(as) Ex-alunos(as) e colaboradoras, Irmãs de Sion, pessoal do liceu e da escola primária, Embaixadores e patrocinadores foram recebidos no Palácio de França pelo Cônsul Geral e a Senhora Peaucelle. Num ambiente muito cordial e de rica decoração desse Palácio, discursos, almoço, sorteios... divertiram os participantes.
A reunião geral tradicional dos(as) Ex-alunos(as) se estendeu, neste ano, por dois dias. No sábado, 21, foram convocadas as diplomadas de 1956, 66, 81, que receberam sua placa das mãos de irmãs, professores, ou do próprio Diretor, Sr. Yann de Lansalut, que baseou seu discurso sobre o «In Sion firmata sum» gravado sobre uma fonte do pátio, traduzido por ele: «Em Sion, me construí». Ele falou sobre o nosso dever de acolher, saber e servir, e terminou com as palavras de Ir Emmanuelle «Yalla, os jovens!».
Para o dia seguinte, domingo 22 de janeiro, 3000 convites tinham sido enviados. Foi previsto um desdobramento na cantina (graças a uma grande tela); apesar disso, «comprimiam-se» em toda parte. Vários discursos de oficiais franceses e turcos são ouvidos nesta reunião... Uma ex-aluna, que em 2005 se tornou Diretora Adjunta do Liceu, deseja que as formandas de 2006, recebendo suas placas «encontrem a seu lado a mesma grande família de hoje e sintam o mesmo orgulho». Sucedem-se, em seguida, um filme, ressuscitando o passado que suscita entusiasmo, o sorteio, o testemunho de uma Formanda de 1935, a entrega de placas a várias Ex-alunas, importantes em suas especialidades, e às que trabalharam tanto para o êxito destes dias... Para terminar, apresentação de canções francesas, turcas e inglesas por 2 guitarristas. E como sempre, recepção, encontros amistosos, nova visita da casa, cuja sala de comunicação causou admiração a mais de uma pessoa!
Nesse mesmo domingo, uma Missa pontifical de ação de graças reuniu as Irmãs de Sion convidadas: Maureen, Darlene, M. Thérèse e Geneviève, de Gémenos (ex-professoras), Paule-Noëlle, de Callian (Ex-aluna), e os paroquianos habituais, os diversos amigos e os(as) Ex-alunos(as) cristãos(ãs). Sob a direção do Padre Giuseppe, Vigário da catedral, o coro e o órgão solenizaram esta Missa, bem como a homilia muito apreciada de Mons. Pelâtre, nosso bispo, que lembrou, primeiro, a frase escrita por Nosso Pai à Madre Rose, em 25/08/1857: «Amo muito os Turcos», uma frase que, disse ele, «fará escola, pois foi retomada tal e qual pelo Beato João XXIII, a menos de um século mais tarde». Ele evocou «os 150 anos de amizade recíproca entre as irmãs de N.S de Sion e a multidão imensa de seus Ex-alunos». Enfim, acentua que as Irmãs de NSS estão «enraizadas espiritualmente em Jerusalém, não pelo amor exclusivo de um povo, mas para realizar sua vocação última, que é a reunião de todos os povos da terra.» Mons está rodeado por uns dez sacerdotes de toda a cidade. Encontramo-nos, em seguida, na grande sala do Vicariato, para o momento tradicional do cocktail e das partilhas amistosas.
A abertura das celebrações ocorreu na tarde de 29 de Novembro de 2005, na Opera, onde o grupo de bailado de Ankara dançou «Çalikusu», evocando uma Ex-aluna de Sion, bem conhecida na Turquia.
As manifestações continuarão, sobretudo com os alunos, durante o ano de 2006, através de diversos concursos, competições esportivas, conferências, etc...
Podemos acrescentar que dez jornais apresentaram artigos positivos sobre este acontecimento, e que a Televisão dedicou-lhe 2 emissões.
Durante todas essas manifestações, sentimos uma grande alegria ao constatar o apego de nossos(as) Ex-alunos(as) aos valores recebidos em Sion e ante o testemunho de todas as nossas Irmãs mais velhas que trabalharam tantos anos neste país.
Que esse trabalho de educação da juventude turca continue «ad multos annos»!
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