por Irmã Isabelle Denis
Em 1961-1962, cursei o último ano letivo em uma escola de NDS localizada na cidade de Le Mans. As irmãs de Sion nos falavam sobre os apelos que recebiam dos bispos para formarem-se cada vez mais em sua vocação de encontro com o povo judeu, por causa do Concílio Vaticano II — e daí veio a minha decisão de ser irmã de Sion.
Respeitamos nossas diferenças e desfrutamos de nossa natureza complementar
Sempre sonhei que, um dia, as crianças judias ficariam orgulhosas e felizes em me dizer quem eram, e que eu poderia expressar minha alegria por suas vidas. Já adulta, depois de minha própria educação na Bíblia, Judaísmo e Liturgia, finalmente tive essa oportunidade.
Como professora de uma escola católica, pude entrar em contato com uma escola judaica, a saber, a Escola Ganenou de Paris — local que frequento há cerca de 40 anos como amiga cristã. Fui convidada por um professor de judaísmo à sua aula e conheci alunos de 9 a 11 anos; respeitamos nossas diferenças e desfrutamos de nossa natureza complementar. O interesse demonstrado por esses alunos foi notável!
Esse diálogo com alunos de 9 a 11 anos mostrou o quanto eles podem ser verdadeiros mestres para nós
Durante os primeiros 20 anos, realizamos intercâmbios via troca de correspondências e também encontros com alunos da mesma idade vindos de diversas escolas católicas. Então, entre 2003 e 2013, durante dez anos, passei a me encontrar apenas com as crianças judias da escola. Os alunos eram livres e convidados a me fazer qualquer pergunta sobre os cristãos — em outras palavras, perguntas que eles realmente queriam fazer. Foi uma boa troca, pois também pedi que me explicassem sua tradição, já que me interessava aprender sobre a vida deles enquanto crianças judias. Como eles, Jesus nasceu filho de Israel.
Esse diálogo com alunos de 9 a 11 anos, antes da adolescência, mostrou o quanto eles podem ser verdadeiros mestres para nós através de seus questionamentos. As crianças nos dão a oportunidade de crescer junto a elas com respeito e alegria no diálogo.
Os horrores da Shoah durante a Segunda Guerra Mundial não podem e não devem ser esquecidos
Entre as perguntas feitas, lembro-me desta: “Vocês cristãos se sentem superiores, inferiores ou iguais aos judeus?” Os horrores da Shoah durante a Segunda Guerra Mundial não podem e não devem ser esquecidos. Temos a responsabilidade de transmitir a história: é nosso dever lembrar, e um alerta para as gerações futuras. E, como cristãos, devemos refletir com toda honestidade, para aprendermos a nos colocar em relação de fraternidade com o povo judeu, que, em sendo diferente, é ao mesmo tempo semelhante.
Desde que o professor judeu com quem trabalhei se aposentou e foi morar em Israel, continuo a frequentar a escola Ganenou e converso com alunos mais novos, com entre 6 e 8 anos. Seu professor de judaísmo lhes ensina canções hebraicas em preparação para o Shabat às sextas-feiras; nós as cantamos junto com meu violão, assim como canções em francês sobre a paz.